sexta-feira, 7 de maio de 2010

Morro dos ventos uivantes


(...)

- Não é assim - respondi - é o melhor! Os outros seriam a satisfação de meus caprichos, assim como a satisfação dos desejos de Edgar. Este outro, agora, é por amor de alguém que concentra em sua pessoa os meus sentimentos por Edgar e por mim mesma. Não sei como dizer, mas você tem, como toda gente, uma vaga idéia de que existe ou deve existir fora de nós uma vida que é nossa também. De que me serviria ter vindo ao mundo, se estivesse toda aqui? As minhas grandes desventuras, nesta vida, tem sido as desventuras de Heathcliff. Fui testemunhas delas e senti-as desde o começo. Ele é a razão principal da minha vida. Se tudo perecesse e ele ficasse, eu ainda continuaria a existir, e se tudo persistisse e ele fosse aniquilado, o universo tornar-se-ia para mim totalmente estranho; eu não teria a sensação de fazer parte dele. O meu amor por Linton é semelhante as folhagens dos bosques. Tenho a certeza de que o tempo o transformará, assim como o universo muda o aspecto das árvores. O meu amor por Heathcliff, Nelly, é como os rochedos eternos enterrados na terra: fonte de alegria pouco aparente, mas necessária. Nelly eu sou Heathcliff! Sempre ele há de estar no meu pensamento, não como prazer, assim como eu não sou um prazer para mim mesma, mas como o meu próprio ser. Por isso, não falemos nunca mais de separar-nos: isso é impraticável...


Emily Brontê

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